Exposição "CAIS DA ESPERANÇA”

Na vastidão azul do nosso planeta, há cais abandonados que, silenciosos, testemunham a indiferença do mundo perante a pobreza. O Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza, celebrado a 17 de outubro, inspirou uma exposição interativa que propõe um olhar mais atento a esse cais esquecido. No cais da esperança, foram erguidos caixotes empilhados sobre paletes, formando torres de memórias, de lutas e de sonhos.

Em cada torre, um continente. E nela, histórias que clamam por serem contadas e corações que anseiam por serem ouvidos. Desenhos dos contornos geográficos delineiam a singularidade e a riqueza de cada terra, enquanto informações revelam as chagas da pobreza que assolam aqueles povos.

Nos caixotes africanos, uma campanha destacou-se: "1 lápis por 1 ovo". Uma iniciativa solidária em prol de uma escola em São Tomé e Príncipe. Ao contribuir com apenas 1 euro, adquirindo um lápis, a comunidade escolar tem a oportunidade de fazer parte de um projeto inspirador: a construção de aviários que garantirão 1 ovo por semana a cada criança daquela escola. Um pequeno gesto que se traduz em nutrição, esperança e educação para muitos jovens.

Ao lado de cada torre, ergue-se uma estaca com uma vela. A sua chama ténue traz consigo um número: a contagem daqueles que vivem na pobreza naquele continente. Essas velas são convites silenciosos para momentos de recolhimento e oração. Chamam todos a refletir sobre a realidade daqueles que vivem à margem, esperando que a chama da solidariedade possa iluminar a escuridão da indiferença.

Em cada continente, emergem dois ativistas, um homem e uma mulher, que, como faróis luminosos, cortam a escuridão com a sua determinação e coragem. Códigos QR convidam os visitantes a mergulhar nas suas vidas e a compreender o impacto dos seus esforços na luta pelos direitos humanos.

Os alunos, do 5.º ao 12.º ano, visitam este cais da esperança sob a orientação dos professores de EMRC. Caminham por entre os caixotes, absorvendo as narrativas, as injustiças e as esperanças. E, tocados pelo que veem e ouvem, são incentivados a lançar a sua própria âncora de sentimentos. Palavras de incentivo, de esperança, de indignação ou desenhos expressivos são transformados em cartas, em mensagens que clamam por um mundo mais justo e fraterno.

E, no fim, o representante de cada turma, carregando consigo as esperanças e os sentimentos dos seus colegas, deposita estas cartas na "Caixa do Correio da Esperança". Porque este cais, ao contrário dos outros, não é um lugar de abandono, mas sim um ponto de partida.

A exposição "Cais da Esperança" é um apelo. Um convite à reflexão e à ação. Cada torre de caixotes, cada vela acesa, é um grito silencioso que nos lembra que a pobreza não é uma inevitabilidade, mas sim um desafio a ser enfrentado. E que cada um de nós, ao deixar a sua mensagem, ao adquirir um lápis, ao rezar, torna-se parte da solução. Porque a esperança, quando compartilhada, tem o poder de transformar cais abandonados em portos de mudança.

Grupo de Alunos da Amnistia Internacional do CSM

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