Mulheres-tráfico

Abalados, assim ficámos. Tristes, assim nos sentimos. Como dizer o inominável: a maldade, a crueldade e a barbárie de que o ser humano é capaz? Como falar do sofrimento, da dor que irrompem em cada existência e, especialmente nas mulheres traficadas, despojadas da sua dignidade e do seu rosto humano para serem reduzidas a meros objetos de prazer, de negócio, para serem somente escravas? Como?

Com a ARTE e as suas linguagens expressivas, simbólicas. Com o Teatro e, em particular, com o espetáculo documental-teatral Mulheres-Tráfico (encenação de Manuel Tur) que assinalou o Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos (dia 18 de outubro). Duas turmas (11.º B e 11.º D) assistiram, em representação dos alunos do Colégio, à sessão online, organizada pelo Plano Nacional das Artes e a Secretaria de Estado da Cidadania e Igualdade, com o apoio da DGESTE .

A arte é o único meio capaz de despertar ressonâncias subjetivas que, de outro modo, ficariam presas ao ruído do silêncio e à brutalidade do inexprimível. A arte esculpe a nossa sensibilidade e torna-nos mais atentos à realidade. Os testemunhos da peça teatral foram fortes e alumiaram uma realidade que antes se julgava ser apenas um cenário de um filme ou algo distante. Compreendemos que NÃO! A peça de teatro conseguiu aproximar-nos da realidade do tráfico sexual de mulheres, através da experiência e do testemunho vividos pela voz e pele do outro.

O que fazer, agora? Começar ou continuar a alimentar a esperança na bondade, nos gestos de cuidado ao outro. Nunca deixar de procurar fazer o bem, porque esse é mais forte do que qualquer mal e é o seu antídoto. Esta experiência levou-nos a reconhecer, também, a felicidade que se esconde na dita banalidade dos nossos dias, agradecer tudo o que temos e, ganhar forças, para combater todas as formas de barbárie humana.

Prof.ª Susana Almeida

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